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A Polícia Civil de São Paulo investiga, desde 2023, denúncias de maus-tratos no Instituto David. Anteriormente conhecida como Casa de David, a instituição localizada em Atibaia enfrenta acusações graves.
Agressões físicas, violência psicológica e medicação excessiva compõem o quadro denunciado por familiares. Apesar das investigações em andamento, a entidade recebeu R$ 800 mil em emendas parlamentares durante 2024.
O atendimento a pessoas com autismo em São Paulo deve ser garantido pelo governo estadual. No entanto, mães relatam que seus filhos viveram situações de extremo sofrimento na instituição.
Damiana Maria Souza Calderini encontrou seu filho de 31 anos com machucados por todo o corpo. “Tinha mordidas na barriga, peito, ombro, cortes com pontos no supercílio”, relatou emocionada.
Ana Pereira, mãe de um homem de 35 anos, viveu situação semelhante durante seis anos. “Toda vez ele estava machucado: joelho, pé, cotovelo”, afirmou sobre as visitas ao filho.
Segundo os funcionários, os pacientes se machucavam sozinhos devido à agitação. Contudo, Ana questiona: “Ele não estava ali para ser cuidado?”.
Em uma das visitas, o filho de Ana apresentava aproximadamente 50 marcas de mordida. Além disso, a família não era informada sobre as convulsões que ele sofria frequentemente.
Aparecida, outra mãe afetada, relatou que seu filho teve o braço quebrado três vezes. O período de fraturas ocorreu em apenas dois anos na instituição.
A família suspeita de superdosagem de calmantes, pois o rapaz apresentava comportamento extremamente apático. Um vídeo gravado mostra sua condição preocupante, possivelmente causada por medicação excessiva.
As denúncias incluem também exposição prolongada ao sol e negligência durante o frio. “Peguei meu filho todo queimado nas costas”, declarou uma das mães desesperadas.
Relatos de ex-funcionários corroboram as denúncias das famílias. Uma ex-farmacêutica confirmou que pacientes ficavam horas sob o sol sem supervisão adequada.
Após episódios de agressividade, os internos eram deixados na quadra sem acompanhamento. Muitas vezes, faziam suas necessidades no local devido à falta de cuidados básicos.
Outra ex-funcionária testemunhou empurrões e xingamentos direcionados aos pacientes. Consequentemente, o ambiente hostil agravava a condição dos internos com autismo severo.
As famílias registraram boletim de ocorrência, agora sob análise do Ministério Público. Atualmente, o Instituto Davi não atende mais adultos com autismo severo em Atibaia.
Um advogado representa pelo menos dez famílias no processo. “Temos elementos suficientes para o início das punições”, afirma ele, mencionando relatórios médicos e prontuários hospitalares.
A reportagem tentou contato com o Instituto Davi, hoje voltado ao atendimento infantil. Entretanto, ninguém se dispôs a dar explicações sobre os casos denunciados.
Em nota oficial, o advogado da instituição declarou que as acusações são falsas. Por sua vez, a Secretaria Estadual de Saúde informou não possuir convênio ativo com a unidade de Atibaia.
A unidade de Guarulhos, por outro lado, mantém serviços de internação para pacientes com deficiência intelectual. Segundo a pasta, todos os repasses realizados atenderam aos requisitos técnicos e legais.